1 de outubro de 2012

PARA PENSAR A DANÇA: NIETZSCHE

           Ando bastante distante do blog nos últimos meses, puro retrato da correria da pesquisa do mestrado. Um projeto que já mudou de características diversas vezes sembre com o mesmo enfoque, diversas leituras, artigos e mais artigos: uma imensa confusão que não poderia ter sido mais desejada por mim. A cada vez que apresento, que discuto meu projeto com outras pessoas, recebo em troca vários questionamentos e provocações sobre os caminhos que esta pesquisa pode me levar. Em um desses caminhos, encontrei a perspectiva nietzschiana de vida, de vontade de potência, de transvalorização dos valores que toca profundamente no cerne das minhas perspectivas de vida na dança. Abaixo, compartilho dois vídeos que foram de grande importância nessa descoberta, onde através do olhar de Viviane Mosé os escritos de Nietzsche são revisitados e trazidos para a contemporaneidade da dança. Enjoy:



ESPECIAL NIETZSCHE




O QUE PODE O CORPO


A filósofa, psicanalista e poetisa Viviane Mosé e a bailarina Dani Lima no programa Café Filosófico de tema “O que pode o Corpo” ao discutir as relações entre a filosofia nietzschiana e a dança nos abre para a perspectiva de que, para Nietzsche, dançar é se superar, pois a dança envolve uma perda de si e nos abre para outras oportunidades nos faz desviar o olhar de nós mesmos, e faz nascer o que o Nietzsche chama de si mesmo. Sobre esta perspectiva do si mesmo Mosé afirma

O si mesmo não pode ser dito. Porque o si mesmo é tão singular que para cada si mesmo deveria haver uma palavra. Se você quer falar o seu si mesmo, você tem que inventar uma palavra porque o seu si mesmo é só seu e é incomunicável. A dança afasta esta prisão do eu e nos abre para o si mesmo que é a experiência real de si.

Pensando neste esforço de criação de palavras ou linguagens em que consiste a dança nós agentes, dançantes nos aproximamos da figura de Belisa Crepusculario, personagem do conto intitulado “Dos Palabras” de Isabel Allendes (2006), que tinha por profissão vender palavras sejam elas versos, xingamentos para inimigos irremediáveis ou mesmo cartas apaixonas. O que nos chama atenção neste personagem e que o aproxima de nossa condição de agentes-criadores da cena são as palavras secretas com que ela presenteava seus clientes. Belisa Crepusculario acreditava que tais palavras espantavam a melancolia e afirmava que elas não seriam, jamais, iguais a quaisquer outra no mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário