14 de agosto de 2011

O QUE EGON SCHIELE ESTARIA DIZENDO...


  Egon Schiele (1890 - 1918) foi um pintor nascido na Áutria em família humilde e ligado ao movimento expressionista.Desde o final do ano de 1909 e o início de 1910 a obra do pintor austríaco estava passando por uma grande mudança. Para além do sutil e equilibrado simbolismo que permeava a obra de Klimt, absorvida inicialmente por Schiele, uma nova influência se mostrava ainda mais evidente. As novas correntes artísticas que se manifestavam na Europa que consolidaram-se no Expressionismo passam a exercer gritante influência nas obras do pintor.

   Schiele abandona a suave elegância klimtiana que marcava sua obra até então, para dar lugar a estudos sobre a figura humana dando ênfase à deformação agressiva e a utilização do contraste de cores típico do Expressionismo, dando forma à suas inquietações pessoais e artísticas que pareciam vir como um prenúncio à tormenta que abateria a Europa, poucos anos mais tarde. A partir de então Schiele passou a produzir trabalhos que exploravam a anatomia humana, fazendo com que seus trabalhos ficassem conhecidos pela sensualidade e ênfase na questão sexual.
   O comportamento de Schiele sempre foi considerado problemático pela sociedade da época, o pintor chegou a ser preso sob acusação de seduzir uma menor tendo também vários de seus trabalhos apreendidos por serem considerados muito vulgares. A exposição de seus trabalhos à menores foi também uma das questões pelas quais Schiele foi preso. O comportamento de Schiele sempre foi considerado problemático pela sociedade da época, o pintor chegou a ser preso sob acusação de seduzir uma menor tendo também vários de seus trabalhos apreendidos por serem considerados muito vulgares. A exposição de seus trabalhos a menores foi também uma das questões pelas quais Schiele foi preso.



   Dentre os vários motivos pelos quais a obra de Schiele foi considerada inapropriada na época, podemos destacar a sua participação da 49 ª Secessão em Viena, na qual expôs mais de cinquenta trabalhos no salão principal. De todos os trabalhos expostos, o que causou a polêmica de que estamos falando foi um pôster que retratava a cena da última ceia, porém com uma foto sua no lugar onde deveria estar Jesus Cristo.
   Schiele retratava o lado que a sociedade procurava esconder, se preocupando em desenhar os corpos magros, a expressão de fome, o sofrimento e a angústia. Retratava a promiscuidade, e os corpos esguios, reotorcidos, expondo um erotismo poético e, ao mesmo tempo agressivo como maneira de impressionar o observador. Suas pinturas se caracterizam pela incompletude dos membros periféricos e a aproximação com a idéia de natureza e de morte, pelas quais era fascinado.




   A dança performática aqui citada é resultado da primeira fase da pesquisa desenvolvida junto ao grupo Projeto Disfunctorium (grupo Norte-Riograndense de performance) na montagem do espetáculo “Um Passeio pelo Lado Escuro das Coisas Antes o Último Cigarro Acabe” sob coordenação de Dé. Foi apresentada em 2009 nos eventos: I Mostra de Pesquisa Projeto Disfunctrorium, XIII Encontro Nacional dos Estudantes de Arte sediado pela Universidade Federal da Bahia e I Fórum Potiguar de Performance, sediado pelo Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
   Agregado a um estudo anterior sobre a via e obra do artista, foi realizado uma investigação prática, a partir das pinturas de Schiele, sobre sua visão sobre o corpo e a sociedade. Dentre a vasta obra do pintor austríaco foram escolhidas quatro obras para a composição de um experimento em Dança, são elas: Nach vorn Akt mit blauen Strümpfen, de 1912; Mädchen-Akt mit gelbem Tuch, de 1913; Männlicher Akt mit rotem Tuch, de 1914 e Hockender männlicher Akt, de 1917.
            A pesquisa realizada centrou-se no estudo de distúrbios neuromotores tais como epilepsia, tiques nervosos e fasciculação. A partir de temas que combinavam as referidas doenças, algumas manifestações em determinadas modalidades artísticas, bem como artistas destas áreas, a dança foi desenvolvida revelando uma pesquisa acerca das tensões corporais e fatores que implicam nestas, tais como a respiração (apnéia), aceleração ou lentidão dos movimentos como processo criativo em dança contemporânea. Através de um estado de esvaziamento são reveladas questões como, por exemplo, “como você dançaria se tivesse morrido ao nascer e fosse contar o melhor momento de sua vida através da dança?” entre outras.
            Aliadas às percepções corporais, foram estudadas as noções detidas por Egon Schiele acerca da degradação e decomposição humana. Partindo da análise de alguns retratos e auto-retratos, pôde-se perceber que essa degradação era explicitada pelos traços que geralmente anulam os membros periféricos como mãos e pés, em alguns dos retratos também nota-se a ênfase dada pelo pintor a esses membros, nesse caso foram escolhidas cinco pinturas a partir das quais orientou-se a coreografia partindo da proposição de um roteiro de imagens-ações como espaço de constante recriação da dança a cada momento em que é repetida.


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