Desde sempre eu e a Dança Contemporânea temos uma relação de amor e ódio. Tudo começou quando eu li pela primeira vez, uma definição do que seria a Dança Contemporânea, eu estava terminando o curso de balé clássico, com uns 13 ou 14 anos, e tive que fazer um trabalho sobre Dança Moderna e Contemporânea.Esta primeira definição foi lida num livro, que inclusive tenho até hoje, do ano de1990 de uma autora chamada Hannelore Fahlbusch e dizia: "A Dança de expressão contemporânea que é a forma coreográfica que reflete o período no qual foi criada. É a manifestação do mundo e do tempo no qual o coreógrafo vive. Sua abordagem é calcada em fatos ou acontecimentos marcantes de um período, quer seja de âmbito político, social, religioso, etc., os quais são retratados, muitas vezes, como forma de protesto." (FAHLBUSCH, 1990:69)
Eu, com o inocente interesse voltado apenas para o balé clássico, achei o conceito bastante provocante , embora, já naquele contexto, eu tenha contestado o fato da autora chamar a Dança Contemporânea de "dança da atualidade" (FAHLBUSCH, 1990:69). Talvez até por esse motivo eu não tivesse vontade de assistir algo que fosse nomeado de tal maneira.
Os anos passaram, me mudei para natal e depois do meu período de Não-Dança, logo no primeiro semestre da universidade fui convidada a participar do Grupo de Dança (contemporânea) da UFRN. Nesse período eu estava tentando inutilmente voltar ao balé mas minha personalidade de "adolescente sensível" não me deixava mais levar gritos dos professores, resumindo: desisti. Lembrei do que a minha amiga Hannelore falou sobre Dança Contemporânea no livro, e me joguei.
Fui novamente procurar o que era Dança Contemporânea, como todo calouro, no google (não o acadêmico, o outro mesmo). E como o google pode até te responder errado mas nunca te deixa sem resposta, encontrei várias definições que traziam, provavelmente, questões até interessantes mas, não sei porque, eu foquei na idéia de que a Dança Contemporânea seria uma dança livre que não precisava de uma preparação corporal e nem estética específica.
Como eu estava me sentindo rejeitada pelo balé clássico, porque afinal convenhamos que o meu corpo não é bem um corpo "clássico", comecei a frequentar as aulas e aprender coreografias e no final das contas saí do GD-UFRN com uma inquietação imensa na cabeça: Como é que esta é uma dança que respeita os limites corporais dos bailarinos se eu saio das aulas de ombros roxos e pés ralados mo mesmo jeito de quando eu fazia balé?
Depois deste momento, me encantei por Pina Bausch. E comecei a fazer a oficina de Dança-Teatro de Maurício Motta. Sinceramente, este foi um período no qual apaguei a dança contemporânea da minha cabeça, fiz aulas de várias técnicas de dança e experimentei alguns dos princípios da Dança-Teatro que Maurício trazia de sua experiência. SEM DOR. Devo dizer que quase dois anos de oficina com Maurício foram de extrema importância para o que eu entendo por dança hoje.
Desde então fui me procurando pela Performance Arte, encontrei a Dança Butoh, mas ainda não era o espaço que procurava. Acredite, eu estive entre sequências dificílimas de movimentos, as quais tinha que excutar pensando na virtuosidade técnica e, ao mesmo tempo, nos resquícios de expressão que podia tirar delas, essa não é a minha dança.
Passando por todo este processo acabei descobrindo que não consigo ser fiel a apenas uma linguagem artística, minha dança é mestiça e ela vai até onde meu corpo pede, se cria no momento em que se faz, seja na sala de ensaio, seja no momento da apresentação. Eu danço travessias por dentro de mim mesma e junto com os vários eus que encontro no caminho.
No meu corpo não há espaço para sequências virtuosas, passos difíceis, dores musculares. Na minha dança me recupero dos joelhos frouxos, das distensões e das pontadas na articulação dos quadris, presentes que herdei dessa outra "dança".
Desde então fui me procurando pela Performance Arte, encontrei a Dança Butoh, mas ainda não era o espaço que procurava. Acredite, eu estive entre sequências dificílimas de movimentos, as quais tinha que excutar pensando na virtuosidade técnica e, ao mesmo tempo, nos resquícios de expressão que podia tirar delas, essa não é a minha dança.
Passando por todo este processo acabei descobrindo que não consigo ser fiel a apenas uma linguagem artística, minha dança é mestiça e ela vai até onde meu corpo pede, se cria no momento em que se faz, seja na sala de ensaio, seja no momento da apresentação. Eu danço travessias por dentro de mim mesma e junto com os vários eus que encontro no caminho.
No meu corpo não há espaço para sequências virtuosas, passos difíceis, dores musculares. Na minha dança me recupero dos joelhos frouxos, das distensões e das pontadas na articulação dos quadris, presentes que herdei dessa outra "dança".
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