8 de agosto de 2011

DANÇA CONTEMPORÂNEA NO MAL SENTIDO


  Depois de tudo o que vi e fiz tentando me encontrar na dança, acabei desenvolvendo uma nomenclatura bastante polêmica em alguns círculos, tentarei descrevê-la aqui.
    Quem me conhece, com certeza já me viu falar mais de uma vez do que eu chamo de "Dança Contemporânea no Mal Sentido". Antes de tudo gostaria de expor o que é Dança Contemporânea para mim, e nesse "para mim" eu me refiro à conceitos que concordo e acabei absorvendo e espetáculos de Dança Contemporânea que assisti, logo, não me lembro de referências específicas, mas tratarei de trazer algo nesse sentido.
    Para mim a Dança Contemporânea não apenas tem por objetivo tratar de temas relativos à realidade de seu contexto como também, tem por obrigação não ser uma dança "burra". Para esclarecer melhor esta colocação usarei uma expressão que pode ser ouvida em qualquer lugar por aí: o tal do "movimento pelo movimento". Não existe tal coisa, movimento é linguagem, é texto e como tal não pode ser desperdiçado.

   No que diz respeito à figura do bailarino, posso dizer que os assuntos de que trata a Dança Contemporânea podem partir das experiências destes ou em outra instância não trazendo sua experiência diretamente para o palco. O mais importante é que essa figura nunca seja negligenciada ou escondida pelo virtuosismo de seus movimentos. O bailarino na Dança Contemporânea é também criador, pesquisador e provocador de questionamentos.
    O coreógrafo, nessa perspectiva é uma figura extinta. O coreógrafo geralmente cria as seqüências de movimentos, escolhe as músicas, os temas, a ordem das coreografias, e o espetáculo fica com a assinatura dele. Nesta Dança Contemporânea não há mais espaço para escolhas arbitrárias de movimentos, mas sim, uma figura que provoca o processo de criação, que organiza referências de músicas e os movimentos criados pelos bailarinos, confronta diferentes experiências em cena e, dessa forma, deixa sua marca.
    Colocando estas questões aqui, não tenho por objetivo renegar tudo o mais que se produz em Dança Contemporânea e não se encaixa nessas descrições, ao contrário, gostaria apenas de provocar reflexões aos que curtem a Dança Contemporânea no Mal Sentido: De que servem as acrobacias vazias que você faz no palco?
     Sim, esta é a Dança Contemporânea no Mal sentido. Movimentos que se repetem em diversos diferentes espetáculos de diversas companhias que parecem apenas se diferenciar umas das outras pelo nível acrobático das coreografias. Esta Dança parece ter criado para si um vocabulário de movimentos que podem ser reconhecidos como movimentos de Dança Conteporânea.
    Então me pergunto aqui, mas a tal característica que trouxe a tona a Dança Contemporânea por volta dos anos setenta não era justamente a negação dos vocabulários de movimento da Dança Clássica e da Dança Moderna? Se podemos ter a pluralidade de corpos e movimentos, por que tentar unificá-los novamente?
   É válido também ressaltar que eu não estrou trazendo nada de extremamente novo para este mundo, pelo contrário, não apenas aqui em Natal, mas em todo o mundo, já há bailarinos/criadores e coordenadores de processos criativos que encontraram o caminho para uma Dança mais verdadeira e provocadora. Mas alguns ainda insistem em optar pelo virtuosismo, e é nesse momento que me envergonho de nosss platéias que aplaudem de pé tais espetáculos, me parece que para elas não há diferença entre Dança e Circo.

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