NARRADOR - Todos o ignoravam até que um, ao ver a – tabuleta do número de dias – lembrou-se do jejuador. Removeram com forquilhas a palha e em meio dela o encontraram.
INSPETOR – Jejuas? Ainda? Quando vais cessar de uma vez?
ARTISTA – Perdoem, todos.
INSPETOR – Sem dúvida! Todos te perdoamos.
ARTISTA – Tinha desejado – durante toda minha vida – que que admirásseis minha resistência à fome...
INSPETOR – E, a admiramos!
ARTISTA – Mas não devíeis admirá-la!
INSPETOR – Pois então, não a admiraremos. Mas, por não devemos admirar-te?
ARTISTA – Porque, sou forçado a jejuar, não posso evita-lo.
INSPETOR – Isso já se vê, mas por que não podes evita-lo?
ARTISTA – Porque – Por que não pude encontrar alimento que me agradasse. Se o tivesse encontrado, podes acreditá-lo, teria me fartado como tu e como todos.
NARRADOR – Os olhos mortiços do artista mostravam a firme convicção, embora já não orgulhosa de que continuaria jejuando. O jejuador foi enterrado junto com a palha e, em seu lugar, puseram uma pantera jovem. Era um grande prazer até para o mais obtuso dos sentidos ver naquela jaula, tanto tempo vazia, a formosa fera que revoluteava e dava saltos. Nada lhe faltava, seus guardas lhe traziam a melhor comida que lhe agradava sem maiores cavilações.
Para ler o texto completo clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário