21 de julho de 2011

NÃO 1, NEM 2, MAS 3 VEZES: "OUTRO MANIFESTO"

Foto: Rodrigo Sena

   Desde o 1o Manifesto apresentação haviam várias questões que precisavam ser revistas para a grande apresentação no BodeArte. O extrato cênico apresentado anteriormente foi apenas um ensaio aberto no qual organizei algumas de minhas idéias iniciais para ter perceber como elas chegariam ao público. A partir destas impressões, o extrato cênico seria reorganizado e apresentado incluindo outras idéias ainda muito verdes para serem levadas ao público naquele momento.
   Chegado o tão esperado BodeArte (07/07) pude perceber algumas questões essenciais ao trabalho. Mais especificamente no Fórum de Performance que aconteceu no dia 27 de junho, um assunto que me deixou bastante intrigada foi levado à discussão. Falando-se em estratégias de sobrevivência, tema principal da discussão, conversamos sobre como nos mantínhamos financeiramente, e foi aí que percebi.
    Sobre a apresentação de "Outro Manifesto" há apenas um fato do qual ninguém sabia (até agora): não pude ensaiar durante o mês que antecedeu a apresentação. O motivo? Vários. Indisponibilidade de horários, já que me dividia  entre dois estágios e uma monitoria, para dar conta dos gastos com apresentações e com o  próprio BodeArte; falta de pautas nas salas de prática do Departamento de Artes e por fim a greve dos funcionários da UFRN, blábláblá...
   Não tinha dito isso à ninguém por que não foi um fator que atrapalhou a apresentação, como eu pensava que seria. Por alguns momentos me senti envergonhada por fazer com que assistissem um trabalho que não havia sido devidamente preparado. Me lembrei também de vários momentos em que vi outras pessoas ou eu mesma dizendo que quando fosse a hora da apresentação tudo se resolvia. Não acho que isso seja um método de trabalho, até o mais improvisado dos trabalhos segue a um roteiro específico.
   Pensando nisso me dei conta que que eu nuncaa estaria "devidamente preparada" e que deveria manter o mesmo roteiro de ação de "1o Manifesto", pois terei mais tempo para trabalhar as idéias que não foram apresentadas ainda.Acabei percebendo que , até certo ponto, tantos ensaios poderiam me fazer fugir da minha proposta de processo criativo: a criação de um Roteiro de Ações. Neste roteiro seriam estabelecidos alguns verbos, ou seja, algumas ações que seriam realizadas em uma ordem específica, e o "como realizar" estas ações seria pensado/vivido no momento da apresentação.
   Eu subestmimava a quantidade de público que poderia estar presente naquele dia, não sei se por traumas ou apenas por que eu queria que poucas pessoas assistissem. Naquele dia, enquanto arrumava a sala de apresentação percebi que o espaço poderia ser pequeno. Falei brincando: "Qualquer coisa eu faço mais uma sessão!" Tive mesmo que fazê-la, não apenas mais uma, mas mais duas sessões!
    Apresentei "Outro Manifesto" três vezes, e durante estas apresentações tive diversos sentimentos. Depois da primeira apresentação, eu estava em êxtase por que meu corpo precisava daquilo há meses! Depois da segunda apresentação, não sei nem como explicar isso mas me senti meio prostituída, terminei pensando que eu nunca conseguiria ficar em cartaz em algum teatro ou coisa do tipo. Mas, depois da terceira apresentação, tive mais uma vez a prova de que é isso que eu quero pra minha vida, por que não há nada melhor neste mundo do que as trocas que realizamos com o público! E é esta a sensação que guardo comigo até hoje.
   O fato de ter sido apresentado três vezes, foi de extrema importância. Posso dizer, com toda a certeza, que nenhuma das apresentações foi igual a outra. Não apenas pelo que senti após cada uma delas, mas pelo "como realizei" cada uma das ações previstas no roteiro, depois de reconhecido o caminho que faria pelo espaço cênico, cada movimentação executada pareceia seguir o seu próprio caminho. Acho que posso dizer que não precisei racionalizar para que lado eu iria ou o que faria em cada espaço, as ações apenas aconteciam.

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