Tudo dói, tudo cansa. A praia parece ter o dobro de tamanho. Sigo com meu anúncio, as pessoas ficam cada vez mais curiosas e me procuram, sem que eu tenha que ir a cada mesa oferecer meu produto. Converso, argumento, nenhuma compra. Alguns barraqueiros já me conhecem e cumprimentar, visito alguns espaços vendidos no dia anterior e vejo que ainda há resíduos deles, mas os donos já foram. Em termos de vendas foi um dia produtivo, vendi seis espaços. O mais interessante é que as pessoas já me conhecem, me chamam pra conversar, e a curiosidade sobre meu produto é crescente, dessa forma, algumas aventuras que encontrei estão por aqui:
Dois gringos me pararam perguntando o que eu estava vendendo. Depois de toda a explicação e argumentação costumeira, eles acabam por dizer que seu objetivo me parando era que eu fizesse anúncios sobre o produto deles, passeios de Banana-Boat.
A dona de uma barraca me para perguntando por quanto eu vendo o espaço. Eu digo que vendo por R$0,50. Ela retruca dizendo, que vende por R$1,00 e ainda termina dizendo "Pode sentar!". Eu respondo: "Desculpa moça, meu negócio é vender não é comprar!". Ela diz que o dela também e eu finalizo dizendo: Tu vende daí, que eu vendo daqui!". Foi a conversa mais sem noção dos dois dias, mas foi um primeiro confronto.
Um grupo de homens que estavam bebendo há algumas horas me para perguntando sobre meu produto, já no início explicando que eles precisavam deitar no chão para "demarcarmos" o espaço. Um deles diz: "Se eu deitar você deita comigo?". Terminei a explicação, e fui embora.
Quando ia passando com meu anúncio no megafone, alguém me pára dizendo: "Ei moça, meu amigo aqui quer morrer!". Eu respondo: "Aí não é comigo não, eu só vendo o espaço!"
Paro onde está uma família pra tentar realizar uma venda e tenho uma conversa interessantíssima sobre empreendimentos imobiliários com um rapaz. Finalizo minha argumentação com um: "E aí, vamos fazer o seu?". Ele diz que não, que já alugou o lugar no qual estava sentado, e eu respondo: "Mas você prefere viver de aluguel do que ter um espaço próprio?". A família toda concorda e cai na risada. Eu estou começando a acreditar de fato no que eu digo.
Já nos trinta minutos finais, um vendedor de chicletes me acompanha, ele também já está indo pra casa, me dá inúmeras dicas de como vender melhor meus produtos e diz que se eu seguir as dicas dele, minhas vendas vão dar um salto. Converso com ele sobre a ação, sobre minha estadia na praia e meus objetivos com isso. Ele responde que sendo assim, então eu já consegui o que eu queria por que a praia todinha tá comentando, dá pra perceber quando passamos pelas pessoas. Minutos depois ele me pede licença, pois tem que vender os chicletes pra levar o jantar da família.
Estou nos meus minutos de intervalo, André se dirige à um vendedor pra comprar água de coco e volta me mostrando a iniciativa da dona da barraca em explicar para seus funcionários como funciona meu "negócio", eu não poderia ter feito melhor.
Oi Chrystine!
ResponderExcluirDepois de tantas coisas (PROJETO ARTE NA PRAIA) na Casa da Ribeira, eu não poderia deixar de querer saber mais sobre o seu trabalho.
Chrystine, eu percebo que foi bem proveitoso no seu projeto...com cautela você fez uma comunicação com o novo, dinâmico! A funcionalidade de chegar pouco a pouco, começa a troca e as vendas...saiu do começo para começa com o fim, a busca para fazer a outra venda e conhecer a outra experiência isso é um salto benigno!
À primeira vista a resposta não parece ser fácil mas também não-dificil, pode se dizer que a nossa cultura esta mediante das variáveis; o imprevisível sempre ali dando novos desafios que se agregaram para o objetivo desse trabalho.
Obs: Uma coisa eu achei legal, foi a experiência do confronto... "Desculpa moça, meu negócio é vender não é comprar!"
Achei muito bom, espero não ter interpretado algo errôneo com a sua experiência.
Joto Gomo