13 de junho de 2011

E A DANÇA TEM... : O CASO DA "DANÇATIVIDADE"

O teatro tem a "teatralidade",
A performance tem a "performatividade",
E a dança tem...

   Depois de estudos incansáveis sobre os conceitos de Teatralidade e Performatividade em decorrência da escritura do meu TCC, me deparei com a seguinte pergunta: E a dança tem o quê?
   Uma das definições de teatralidade, a mais precária inclusive, dita que a teatralidade é o que há de essencialmente teatral numa peça teatral. Além de redundante, esta é uma visão totalmente alheia às transformações pelas quais vêm passando esta linguagem artística na contemporaneidade, pensando nisso autores como Josette Féral, Patrice Pavis e Silvia Fernandes (sobre os quais estarei postando mais informações adiante) concentraram seus esforços na criação de um conceito que está mais apto a considerar a estética contemporanea da fragmentação.
   Os três conceitos propostos têm muitas questões em comum porém, escolheremos aqui apenas um para contribuir com nossa discussão. Josette Féral afirma que a teatralidade é resultado de um jogo de forças entre procedimentos do teatro e da performance, contapondo as estruturas simbólicas específicas do primeiro com os fluxos energéticos que geram as manifestações cênicas instáveis do segundo. 
   Observando dessa forma podemos dizer que a teatralidade não é o que há de essencialmente teatral numa manifestação cênica, mas sim, a capacidade que o teatro tem de agregar características estéticas e estruturais de outras linguagens artísticas. Pensando nessa perspectiva, podemos afirmar que a não existência de uma "dançatividade" pode ser resultante da afirmação da dança enquanto linguagem artística que não realiza nenhum tipo de "miscigenação" com outras linguagens. 
   Essa polêmica afirmação deve estar sendo contestada por você neste momento citando provavelmente o caso da Dança-Teatro de Pina Bausch, dessa forma, aproveito aqui para dizer que a Dança-Teatro nunca foi um tipo de dança que tem elementos do teatro. A Dança-Teatro pretende ser uma outra linguagem artística criada a partir dessa mestiçagem, o que não implica dizer que há nela, resquícios de características essencialmente teatrais, assim como de características essencialmente de dança. A mestiçagem citada anteriormente implica necessariamente que essas características podem não ser localizadas.

Convido você a também pensar nisso. E a dança tem...

Um comentário:

  1. Texto otimo, bem escrito e super esclarecedor!
    e não vi forma mais clara de explicar a dança-teatro de Pina Bausch.
    beijos
    Agnes

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